Os chineses, como se costuma ouvir, inventaram o papel. A invenção, no entanto, teria sido de responsabilidade de apenas um chinês, chamado Tsai Lun, e ocorrido por volta do ano 105 da nossa era.

Pode-se imaginar que, depois de inventado o papel, ele tenha sido usado primeiramente para escrever, então para amassar – pois não é admissível imaginar que alguém tenha escrito pela primeira vez numa folha de papel sem errar – e, só depois, para dobrar. Pronto! Daí até a invenção do avião de papel foi um pequeno passo para uma criança, mas um salto gigantesco para a humanidade.

O que aconteceu em seguida é fácil deduzir: cada piá chinês resolveu projetar o seu próprio avião de papel, pois, como é natural, o avião do vizinho não voa porcaria nenhuma. Desse dia em diante a humanidade não teve mais sossego, pois, não demorou muito para um adulto qualquer achar que seria possível construir um negócio daquele, bem grande, para encher de gente. Foi gente pra tudo quanto é lado.

Nesse vai e vem, pra cima e pra baixo, o ir cada vez mais para cima virou uma obsessão. E logo estava inventada a corrida espacial. Dessa vez, por precaução, antes de um humano, resolveram mandar pro espaço um animal, pois, nessa época, eles ainda não tinham virado gente. Era pra ser um cachorro, mas, como nessa época ainda não tinham inventado o feminismo e um cavalheiro lembrou da máxima inglesa “ladies first”, lá se foi a cadela Laika para nunca mais voltar. Quem diria que tudo começou com um avião de papel.

Конец*

P.S.: o cartum acima eu dedico a cadela Laika e a todos os gatos (afinal de contas eles também são gente).

* Fim em russo. O mesmo que The End em inglês.